VAMOS FALAR DE TRANSFORMAÇÃO INTERIOR?
- Daiana Oliveira
- 11 de jun. de 2020
- 6 min de leitura
Atualizado: 17 de jul. de 2020

Você já ouviu a história da bíblia do filho pródigo?
Aquele que o filho saiu de casa e depois voltou?
Que o seu pai o recebeu de braços abertos e o irmão ficou enciumado?
E você sabia que essa história tem tudo a ver com o processo de transformação interior?
A Bíblia é um dos livros com os ensinamentos mais profundos e sábios que existe.
Tanto o velho como o novo testamento contêm um grande passo a passo
sobre como podemos conduzir as nossas almas para atingir a evolução espiritual.
E o que eu acho mais intrigante desse livro mágico,
é que a simplicidade das parábolas e das histórias que compõem a Bíblia
é o que a tornam tão difícil de ser compreendida.
Porque na realidade existem diversos véus de compreensão em cada palavra.
Existem sim dezenas de mensagens subliminares na Bíblia.
Mas elas não estão escondidas de propósito,
nem porque são mensagens secretas, direcionadas para grupos secretos.
Elas estão escondidas porque nós somos limitados espiritualmente
e por isso não somos capazes de compreender o significado da Bíblia em sua integralidade.
Uma simples parábola não possui apenas um significado, mas sim vários.
Existe um significado mais sutil e óbvio, compreensível por qualquer um de nós.
Existem significados que só são compreendidos quando obtemos um pouco mais de aprofundamento espiritual.
E existem ainda outros significados que somente são percebidos quando juntamos outras peças do quebra cabeça.
Conforme vamos desbloqueando nossas travas espirituais,
Conforme vamos expandindo a nossa conexão espiritual,
Vamos sendo iluminados com percepções mais profundas das palavras da Bíblia.
Mas também podemos ser guiados por esse caminho espiritual,
Podemos ser conduzidos para o nosso aprofundamento da compreensão destes textos.
E o mais mágico da Bíblia é a sua atemporalidade.
Ela foi escrita há mais de dois mil anos,
E no entanto, as situações que a Bíblia descreve ainda são familiares em nossas vidas de hoje.
Ainda conseguimos nos identificar com as parábolas bíblicas.
Isso acontece porque os sentimentos que as situações despertam em nós
ainda permanecem quase que iguais.
Ainda sentimos preconceito e atiramos pedra em quem comete algo que consideramos errado.
Ainda temos dificuldades de amar ao próximo como a nós mesmos.
Ainda sentimos ciúmes quando um irmão recebe algo que acreditamos ser injusto.
As limitações de nosso espírito permanecem muito similares das de centenas de anos atrás.
Por isso a Bíblia, assim como outros textos sagrados, são tão importantes ainda hoje.
Ela nos apresenta um caminho para a evolução espiritual.
Para o fortalecimento de nossa conexão com Deus,
com o universo, ou qualquer que seja o nome que você dê a essa força.
E uma das parábolas que tem muitos significados,
muitas mensagens subliminares,
muitos véus de percepção que a encobrem,
é a parábola do filho pródigo.
Há inúmeras interpretações para essa parábola,
e nenhuma anula a outra necessariamente.
São apenas percepções mais profundas ou mais superficiais.
São apenas percepções olhando uma sob um aspecto, outras sob outros aspectos.
E essa é a grande genialidade das parábolas de Jesus.
Diversas mensagens em uma única e simples história.
Você já pensou nisso?
Na Bíblia, no livro de Lucas, capítulo 12, versículos 11 a 32, Jesus conta a seguinte parábola:
"Um homem tinha dois filhos.
Disse o mais moço a seu pai:
Meu pai, dá-me a parte dos bens que me toca.
Ele repartiu os seus haveres entre ambos.
Poucos dias depois o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu,
partiu para um país longínquo, e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente.
Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome,
e ele começou a passar necessidades.
Foi encostar-se a um dos cidadãos daquele país,
e este o mandou para os seus campos guardar porcos.
Ali desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam,
mas ninguém lhas dava.
Caindo, porém, em si, disse:
Quantos jornaleiros de meu pai têm pão com fartura,
e eu aqui estou morrendo de fome!
Levantar-me-ei, irei a meu pai e dir-lhe-ei:
Pai, pequei contra o céu e diante de ti:
já não sou digno de ser chamado teu filho;
trata-me como um dos teus jornaleiros.
Levantando-se, foi para seu pai.
Estando ele ainda longe, seu pai viu-o
e teve compaixão dele e, correndo, o abraçou e beijou.
Disse-lhe o filho:
Pai, pequei contra o céu e diante de ti;
já não sou digno de ser chamado teu filho.
O pai, porém, disse aos seus servos:
Trazei-me depressa a melhor roupa e vesti-lha,
e ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés;
trazei também o novilho cevado, matai-o, comamos e regozijemo-nos,
porque este meu filho era morto e reviveu, estava perdido e se achou.
E começaram a regozijar-se.
Seu filho mais velho estava no campo;
quando voltou e foi chegando à casa, ouviu a música e a dança:
e chamando um dos criados, perguntou-lhe que era aquilo.
Este lhe respondeu:
Chegou teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado,
porque o recuperou com saúde.
Ele se indignou, e não queria entrar;
e saindo seu pai, procurava conciliá-lo.
Mas ele respondeu a seu pai:
Há tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir uma ordem tua,
e nunca me deste um cabrito para eu me regozijar com os meus amigos;
mas quando veio este teu filho, que gastou os teus bens com meretrizes,
tu mandaste matar para ele o novilho cevado.
Replicou-lhe o pai:
Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é teu;
entretanto cumpria regozijarmo-nos e alegrarmo-nos,
porque este teu irmão era morto e reviveu, estava perdido e se achou."
Depois de passar por todos os percalços que a vida lhe submeteu,
O filho pródigo entendeu os seus erros e conseguiu enxergar a grandiosidade do seu pai,
que tratava tão bem seus mais simples empregados.
Ele não voltou para pedir misericórdia, nem para ser acolhido como filho.
Ele havia compreendido verdadeiramente em seu coração como a vida nos coloca em teste,
e retornou humildemente até o seu pai, não para pedir abrigo como filho,
mas sim para lhe pedir emprego como jornaleiro,
porque agora ele compreendia os seus erros
e conseguia enxergar o caminho que o colocaria de volta nos trilhos.
E o colocaria de volta nos trilhos de forma transformada.
Então o que essa história tem a ver com o processo de transformação interior?
Tudo o que permanece em repouso, por óbvio, não muda.
Tudo o que permanece em repouso, permanece igual, portanto.
Em condições normais de temperatura e pressão seguimos o mesmo padrão.
Sob as mesmas circunstâncias, permanecemos em nossa zona de conforto.
Quando permanecemos iguais, quando permanecemos em nossa zona de conforto,
Somos como o filho mais velho que não saiu do lado do pai.
Permanecemos com os mesmos padrões, com as mesmas falhas, com as mesmas limitações.
Permanecemos com as mesmas características de nossa alma.
Mas, quando nos submetemos à diferentes condições de temperatura e pressão,
quando nos submetemos a diferentes circunstâncias,
quando saímos do estado de repouso, quando saímos da nossa zona de conforto,
em algum momento nós somos obrigados a mudar,
nós somos obrigados a buscar por novos caminhos,
somos obrigados a descobrir novas soluções.
Em algum momento nós somos instigados a nos transformarmos,
porque se não agirmos assim, se não buscarmos por um caminho melhor,
nós corremos o risco de cairmos mais e mais profundamente no caos e no desespero.
Por isso não importa muito o motivo que nos tira do caminho.
Por isso não importa muito se saímos do caminho para saciar desejos mundanos e pequenos.
O que importa é o motivo que nos traz de volta.
Se a intenção em nossos corações for corrigida,
o nosso retorno deve ser comemorado,
porque "estávamos mortos e voltamos a viver".
A intenção correta despertada em nossos corações é que representa a nossa transformação.
Porque quando temos a intenção correta voltamos para casa com outra percepção.
Com outra percepção sobre nós mesmos, sobre as nossas fraquezas, limitações e erros.
E com outra percepção sobre o mundo.
Sobre as dádivas que sempre temos e que sempre tivemos, mas que não enxergávamos.
Ao menos não com tanta clareza.
Então, quando estamos sendo testados pelo mundo.
o foco de nossa atenção deve ser em tentar entender o que Deus quer que vejamos de forma diferente.
Porque estamos sendo forçados a descobrir um caminho melhor, mais elevado.
E conforme vamos desanuviando as nossas percepções,
conforme vamos compreendendo o que temos que compreender,
vamos calibrando a intenção em nossos corações.
E quando os nossos corações estão preenchidos dos valores corretos, da intenção adequada
Nós nos transformamos em pessoas melhores, mais conectadas com Deus,
que pode ser chamado de Universo, Natureza, Eu Supremo, seja lá qual for o nome que você dê.
Depois que isso acontece, podemos voltar para casa e abraçar o nosso pai.
Porque o que nos leva a iniciar a jornada, não é o que nos traz de volta.
Normalmente saímos dos trilhos em busca de aventura, de riqueza, de prazeres.
Mas no caminho percebemos (ou devemos perceber)
que a grande aventura é despertar a intenção correta em nossos corações.
É compreender os caminhos misteriosos que Deus usa para nos lapidar.
Isso é transformação interior.
E quando nós nos transformamos e compreendemos melhor a vida,
quando compreendemos as oportunidades escondidas, os desígnios divinos,
Quando essa intenção é desperta em nós,
naturalmente sentimos vontade de voltar para casa.
de retornar para o nosso ponto de partida.
Porque a lição já foi aprendida e absorvida.
Agora podemos retornar para o jogo da vida,
mas com outra atitude, com outra percepção, com outra visão.
É o caminho, portanto, que tem o poder de nos transformar em uma versão melhor de nós mesmos.
Como disse certa vez, Monteiro Lobato:
"O fim é nada, o caminho é tudo."
Por isso, o pai, sábio na sua experiência de vida,
recebe o filho pródigo de braços abertos.
O filho que permaneceu ao seu lado não consegue entender a situação,
porque ele permaneceu o mesmo.
Ele não foi transformado pelo mundo.
TEMPO DE MEDITAR | Daiana Oliveira



